Há de se convir que a maternidade não é um projeto qualquer. Ele foi gerado no coração de Deus, o supremo Criador, com mil e um detalhes, para que seu projeto fosse instaurado e perpetuado por todas as gerações. Ele arquitetou um corpo, uma matriz que abrigasse, gerasse, alimentasse, mas também, com autossuficiência para a produção de todos os elementos necessários para um ser, que fosse chamado de fruto do ventre.
De uma forma assombrosa fomos formados e tecidos no ventre de nossa mãe, e os seus olhos viram a nossa substância ainda informe, disse o salmista.
Tamanha é a engenhosidade do Arquiteto, as minúcias desse ser, que abriga outro ser, desde a concepção e que se estende para toda a vida. Ela foi dotada de um aparelho reprodutor perfeito, um útero, que abriga a placenta, que por sua vez fornece oxigênio e nutrientes ao feto, removendo resíduos e produzindo hormônios essenciais para o desenvolvimento da gravidez. As mamas, que com suas glândulas produzem o leite, o alimento indispensável e rico em nutrientes, que garante a sobrevivência.
Ah! O que dizer da liberação da oxitocina durante o amamentar? Esse hormônio do amor é ativado, naturalmente, e o coração dela se derrete por aquele ser pequenino, o qual não tinha visto antes, só o tinha sentido e conversado o bastante, para que a sua voz fosse distinguida dentre todas as outras.
As noites mal dormidas, os choros, as cólicas, o mal-estar, a depressão pós-parto, o baby blues, enfim, sua identidade, seu status foram completamente alterados, ela agora tem alguém que depende dela para “sobreviver”.
Mas, como nem só de pão vive o homem, ela também tem um sexto sentido, um coração maior, uma afetividade, um amor sobrenatural, inexplicável.
E por falar em amor, não há como se esquecer que o Autor dessa missão comparou Seu amor ao dela, quando diz que assim como a mãe não se esquece do seu filho, Ele também não se esquece de nós. Esse fruto do ventre é como uma herança do Senhor, o maior presente, e no exercício da maternidade, o amor é incondicional, que só pode vir do próprio Deus. Há nesse ínterim não só um laço de sangue, mas algo divino.
Essa doação transcende o tempo, as circunstâncias, a distância, é algo indecifrável, intransponível, que se revela pela proteção, dedicação, compreensão, sacrifício, paciência, companheirismo, orgulho, inspiração, tudo isso atrelado a um vínculo, que é eterno.
Há de se destacar que ela não é perfeita, mas que procura fazer sempre o seu melhor, isso é fato incontestável. Ela pode até carregar algumas mazelas, que podem ser chamadas de “culpa”, até porque cria algumas expectativas irreais, não consegue atender todas as demandas. A aceitação de seus déficits sempre será o melhor caminho, pois não há maternidade perfeita.
Essa mulher destemida tem ainda ao seu dispor o amparo do Espírito Santo, que a ajuda a ser sábia, dócil e que frequentemente irá levantar as suas mãos em favor da vida dos seus filhos e derramar o seu coração como água na presença do Senhor. Ela não está sozinha, o mesmo Deus que a fez, há de lhe dar o suporte para desempenhar esse nobre papel e missão.
Agnes Ferreira dos Santos Souza, mãe de Matheus Elias, Josias Filipe e Anelise. Professora aposentada, graduanda em psicologia, escritora, prefere a poesia à prosa. No seu tempo livre, ama uma boa leitura e cuidar de plantas.