Entrega Gratuita para pedidos acima de R$150,00 Não perca este desconto.
Sem categoria

CRISTÃOS E A PARTICIPAÇÃO FEMININA NA POLÍTICA

No dia 26 de agosto, celebramos o Dia Internacional da Igualdade Feminina. A data foi oficializada em 1973, em memória à 19ª emenda constitucional dos Estados Unidos que, em 1920, garantiu às mulheres estadunidenses o direito ao voto. Responsável por essa conquista, o movimento sufragista contou com a adesão ativa de mulheres cristãs (Meira; Malheiros, 2016) e, assim, a história da conquista do voto feminino em diversos países também conta com o legado protestante.

Voto feminino no Brasil

No Brasil, o direito ao voto feminino só foi garantido em 1932. E, apesar de o eleitorado brasileiro ser composto majoritariamente por mulheres, ainda enfrentamos desigualdades consideráveis a respeito de sua representação na política. Por exemplo, em 2020, apenas 14,8% dos deputados e 16% dos vereadores no Brasil eram mulheres (IBGE, 2021).

A inclusão da voz feminina na política diz respeito à garantia de direitos e dignidade às mulheres. É através da representatividade em espaços coletivos que suas demandas são ouvidas e que políticas públicas são efetivadas. A sub-representatividade revela que o direito ao voto é apenas o início do caminho a ser percorrido para que as mulheres sejam tratadas com igualdade na sociedade civil.

Violência contra a mulher

O Brasil é um país onde uma mulher é estuprada a cada oito minutos, e 503 mulheres são agredidas a cada hora. Hoje, mulheres fazem parte de um grupo vulnerabilizado, que sofre diversos tipos de violência diariamente, e com muita frequência essa violência é naturalizada. A respeito disso, a pesquisadora Valéria Vilhena (2021, p.11) escreve que “a contradição de uma sociedade que se declara 87% cristã, ao mesmo tempo que ocupa o 5° lugar no ranking de países mais violentos contra as mulheres, não pode mais ser aceita.”

Sob esta perspectiva, é importante salientar que, em muitos espaços, até mesmo cristãos, a violência contra a mulher não é só aceita, como também acobertada. A partir de uma teologia que negocia a dignidade feminina, mulheres muitas vezes são convencidas a abdicarem de seus direitos e de sua voz em nome de Deus, em detrimento de sua própria segurança. Sua dignidade é colocada como secundária em favor da “paz” no casamento. Em ambientes como esses, não raras vezes, mulheres são tratadas como cidadãs menos legítimas, sendo distanciadas da verdade da imago Dei: homens e mulheres foram feitos à imagem e semelhança de Deus.

A voz de mulheres na perspectiva bíblica

A narrativa bíblica, durante todo o seu curso, relata a atenção especial que Deus dá àqueles que estão em alguma situação de vulnerabilidade, inclusive às mulheres da época, que não desfrutavam dos plenos direitos de cidadania que possuíam os homens israelitas livres (Pierce, 2023). O enredo de salvação da humanidade conta com a participação ativa de mulheres que protagonizaram episódios de demonstração de profunda graça e compaixão de Deus.

Em Gênesis, encontramos a história de uma mulher escravizada cuja única herança era fruto de seu ventre. Carregando a dor do abandono, sozinha no deserto, ela não era digna de amor, não era a esposa legítima e nem mãe de uma promessa. Foi a essa mulher desesperada que Deus escolheu revelar a compaixão que havia em Seu nome. Os olhos de Agar, embaçados por lágrimas, foram alvo da sensibilidade do Deus que a viu. A primeira pessoa a nomear Deus na Bíblia foi uma mulher.

Ester, a judia que teve seu destino mudado após ser forçada a se casar com o homem mais poderoso de sua época, se dispôs a perecer quando, desobedecendo aos padrões comportamentais impostos a ela, usou seu privilégio social para salvar o seu povo. A voz de Ester foi provisão de Deus. Ele mesmo se encarregou de ouvi-la.

O caráter desse Deus, revelado em Cristo, permite que o mais longo diálogo de Jesus registrado no Novo Testamento seja com uma mulher samaritana. No evangelho de João, ela é a primeira pessoa a quem Jesus se revela explicitamente e, tanto sua origem quanto sua fama, a tornavam digna apenas de desprezo e apatia. Mas não para Jesus, que abdicou de normas sociais para mostrar a ela o Seu amor. O Filho de Deus a dignificou.

Nos evangelhos, conhecemos as mulheres que foram ao sepulcro visitar Jesus e, ao serem surpreendidas com seu vazio, puderam ver seu luto se tornar o maior dos testemunhos. O Jesus ressurreto deu àquelas que não tinham status ou relevância o presente da propagação de Seu poder. Jesus deu voz às mulheres.

Todas essas histórias citadas mostram o comprometimento de Deus em se fazer conhecido através de mulheres, afinal, elas também foram criadas para Sua glória. A narrativa bíblica aponta para os dias atuais, quando, valorizando a relevância feminina nas Escrituras, nos lembra que Deus não faz acepção de pessoas. Muito pelo contrário: o amor de Jesus pelos vulneráveis aponta para o cerne da justiça divina.

“Não há mais judeu ou grego, escravo ou livre, homem ou mulher, pois todos vós sois um só, em Cristo Jesus” (Gálatas 3:28).

Porque a equidade importa para o cristão

Jesus deu voz àquelas que socialmente seriam marginalizadas, excluídas e jamais ouvidas. A vida de Jesus nos ensina a ter ouvidos atentos às necessidades do nosso próximo. Hoje, a igualdade civil entre homens e mulheres significa ampliar o combate às violências e a implementação de políticas públicas que visam o bem-estar das mulheres. É inegável a relação entre marginalização, exclusão e sofrimento. Mulheres sofrem.

Mulheres na política

É nesse sentido que podemos afirmar que a presença feminina na política e a participação igualitária de mulheres na sociedade civil devem ser celebradas, também, por mulheres e homens cristãos que, sendo herdeiros da verdade do evangelho e do legado protestante, fazem de suas vidas e ações públicas uma carta de amor por aqueles que Deus amou.

As mulheres cristãs na política podem ser instrumentos de Deus para abençoar a vida de outras mulheres, e o voto deve ser usado com sabedoria nesse mesmo sentido.

A participação pública na democracia é um direito que não deve ser usufruído de forma leviana, mas com sabedoria e responsabilidade. Afinal, aqueles e aquelas que serão alvo de nossa aprovação devem dar voz a quem não tem voz. Que o dia 26 de agosto nos lembre sempre que a luta pela igualdade feminina é, inicialmente, uma luta constante contra o silenciamento.

Em Cristo, nós temos voz!

Deixe um Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Select the fields to be shown. Others will be hidden. Drag and drop to rearrange the order.
  • Imagem
  • SKU
  • Rating
  • Preço
  • Estoque
  • Descrição
  • Peso
  • Tamanho
  • Informações adicionais
  • Attributes
  • Comprar agora
Click outside to hide the comparison bar
Compare
3
0
Abrir bate-papo
Olá 👋
Que bom ter você por aqui, Podemos ajudá-lo?